A pedofilia na Igreja Católica
por ANSELMO BORGES (padre, teólogo e prof. de Filosofia) 27 Março 2010
Na semana passada, fui abordado por vários jornalistas sobre a calamidade dos padres pedófilos. Que achava? A resposta saía espontânea: "Uma vergonha." Aliás, no sábado, apareceu, finalmente, a Carta do Papa, na qual manifestava isso mesmo: "vergonha", "remorso", partilha no "pavor e sensação de traição".
O pior, no meio deste imenso escândalo, foi a muralha de silêncio, erguida por quem tinha a obrigação primeira de defender as vítimas. Afinal, apenas deslocavam os abusadores, que, noutros lugares, continuavam a tragédia.
Há na Igreja uma pecha: o importante é que se não saiba, para evitar o escândalo. Ela tem, aliás, raízes estruturais: o sistema eclesiástico, clerical e hierárquico, acabou por criar a imagem de que os hierarcas teriam maior proximidade de Deus e do sagrado, de tal modo que ficavam acima de toda a suspeita. Mas, deste modo, aconteceu o pior: esqueceu-se as vítimas - no caso, crianças e adolescentes, remetidos para o silêncio e sem defesa.
Neste sentido, o Papa dirige-se criticamente aos bispos: "Foram cometidos sérios erros no tratamento das acusações", que minaram "seriamente a vossa credibilidade e eficiência". Por isso, "só uma acção decidida levada em frente com honestidade e transparência poderá restabelecer o respeito em relação à Igreja". Mas, aqui, há quem pergunte se não foram ignoradas as responsabilidades do Vaticano nestes erros e silêncios.
É sabido que infelizmente a Igreja Católica não tem o monopólio da pedofilia, que passa por muitas outras instituições: religiosas, civis e militares - há dados que mostram que a maior parte dos casos acontece nos ambientes familiares -, e é decisivo que todos assumam as suas responsabilidades, pois não é bom bater a culpa própria no peito dos outros. Mas é natural que o que se passou no seio da Igreja seja mais chocante, já que se confiava mais nela.
Até há pouco tempo, a Igreja pensou que era a guardiã da moral e queria impor os seus preceitos a todos, servindo-se inclusivamente do braço secular, ao mesmo tempo que se julgava imune à crítica. Recentemente, a opinião pública começou a pronunciar-se também sobre o que se passa na Igreja, pois todos têm o direito de debater o que pertence à humanidade comum. Há quem diga que, no caso, se trata de revanchismo. A Igreja tem dificuldade em lidar com a nova situação, mas, de qualquer modo, tendo sido tão moralista no domínio sexual, tem agora de confrontar-se com este tsunami, que exige uma verdadeira conversão e até refundação, no sentido de voltar ao fundamento, que é o Evangelho.
As vítimas precisam de apoio e de reparação, na medida do possível. Esse apoio não pode ser só financeiro. Note-se que já se gastaram em indemnizações milhares de milhões de euros, sendo certo que os fiéis não pensariam que todo esse dinheiro havia de ter, infelizmente, este destino. Assim, até por isso, a Igreja precisa de reparar os males feitos e de uma nova atenção para que esta situação desgraçada nunca mais se repita, o que implica, por exemplo, uma atenção renovada no recrutamento de novos padres.
Os abusadores precisam igualmente de apoio, também psicológico, e de compreensão. Deve, no entanto, vedar-se-lhes o exercício do ministério e, uma vez que se está ao mesmo tempo em presença de um pecado e de um crime, deverão pedir perdão, reconciliar-se com Deus e colaborar com a Justiça dos Estados.
Não se pode estabelecer uma relação inequívoca de causalidade entre celibato e pedofilia, até porque há também muitos casados, até pais, que abusam sexualmente de menores. Mas também não se poderá desvincular totalmente celibato obrigatório e pedofilia, sobretudo quando, para chegar a padre, se foi educado desde criança ou adolescente num internato, aumentando o risco de uma sexualidade imatura.
Em todo o caso, será necessário pensar na rápida revogação da lei do celibato. Aliás, a Igreja não pode impor como lei o que Jesus entregou à liberdade. Enquanto se mantiver o celibato como lei, a Igreja continuará debaixo do fogo da suspeita.
in DN
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segunda-feira, 29 de março de 2010
sábado, 27 de março de 2010
PALHAÇA TODOS AO PALCO | MARÇO DE MEMÓRIAS
Em substituição da tradicional Quinzena Cultural, que acontecia em Junho na freguesia, a Junta de Freguesia da Palhaça decidiu revitalizar o evento e lançar um novo conceito para a promoção da Cultura na Freguesia da Palhaça.
PALHAÇA TODOS AO PALCO, é o nome da iniciativa que reúne grande parte do que já acontecia concentrado na quinzena, mas procurando dar uma nova abordagem, estendendo os acontecimentos no tempo e introduzindo algumas novidades ao nível da programação, agrupando-as por temáticas. Março é de memórias...
A base do projecto mantém-se, trata-se de um evento que vive da parceria e em grande parte das manifestações culturais que as próprias associações/movimentos/instituições já consideram no seu calendário.
O programa do novo conceito estende-se até ao mês de Junho e acontece sempre no último sábado de cada mês.
Uma das novidades acontece este fim-de-semana e abre o PALHAÇA TODOS AO PALCO,
uma parceria com o MUSEU S.PEDRO, que hoje é possível visitar das 14h00 e até à hora do CONCERTO, 2OH30, com o CORO DE CÂMARA DA BAIRRADA, na IGREJA VELHA DE VILA NOVA.
FAÇA DA PALHAÇA O PALCO E A PLATEIA DO QUE LHE AGRADA:
PARTILHAR OU ASSISTIR
sábado, 20 de março de 2010
Breve sopro anímico para um site moribundo. Achegas para a história da Palhaça: o toque dos sinos
Durante a Primeira República muitas polémicas foram ateadas por causa do toque dos sinos, mesmo em freguesias mais recônditas e nos lugares mais pacatos. O badalo era o constante pomo de discórdia entre católicos e não católicos.
Em tempos de eriçado anticlericalismo o toque dos sinos era considerado, por muitos, como a mais ruidosa das manifestações do culto externo. Outros, cujas vidas eram ritmadas por esse toque, teimavam em manter a tradição, já que na sabedoria popular a voz dos sinos era a voz de Deus. Havia mesmo quem acreditasse que afugentava os diabos e as trovoadas.
O curioso episódio que a seguir se relata passou-se na Palhaça e não deixou de ser aproveitado na campanha anti-religiosa que grassava um pouco por todo o lado.
No lugar de Vila Nova, quando foi conhecida a notícia da morte do Papa Pio X, o sacristão Joaquim Francisco Caniçais Júnior subiu à torre e começou a tocar os sinos, em sinal de sentimento. Como estava só, tinha de deixar um para tocar o outro. Isso obrigava-o a passar repetidas vezes por um buraco profundo, situado no centro da torre e que permitia o movimento dos pesos do relógio. Lá se foi equilibrando durante algum tempo, fazendo nos sinos uma “barulheira infrene”.
A certa altura, porém, foi colhido pelo bordo de um dos sinos que o atirou para o tal buraco, onde ficou como morto, de cabeça para baixo. Quando dali foi retirado apresentava uma profunda brecha na cabeça. O mais grave é que terá ficado privado das suas capacidades mentais. Ao comentar jocosamente esta notícia, o correspondente do jornal de Anadia Bairrada Livre acrescentava: “E assim teve a recompensa do seu piedoso acto! Ou o papa não era santo ou a ingratidão não é defeito exclusivo dos pobres mortais” (1)
(1) “Um desastre”, Bairrada Livre, n.º 195, 25.09.1914, p. 3. Ver também Nuno Rosmaninho, “O anticlericalismo na província: um ferreiro da Bairrada”, Actas do Colóquio O Anticlericalismo Português: História e Discurso, Aveiro, Universidade de Aveiro, 2002, pp. 307-326. Publicado também em Aqua Nativa, Anadia, n.º 21, Dezembro de 2001, pp. 27-38.
Em tempos de eriçado anticlericalismo o toque dos sinos era considerado, por muitos, como a mais ruidosa das manifestações do culto externo. Outros, cujas vidas eram ritmadas por esse toque, teimavam em manter a tradição, já que na sabedoria popular a voz dos sinos era a voz de Deus. Havia mesmo quem acreditasse que afugentava os diabos e as trovoadas.
O curioso episódio que a seguir se relata passou-se na Palhaça e não deixou de ser aproveitado na campanha anti-religiosa que grassava um pouco por todo o lado.
No lugar de Vila Nova, quando foi conhecida a notícia da morte do Papa Pio X, o sacristão Joaquim Francisco Caniçais Júnior subiu à torre e começou a tocar os sinos, em sinal de sentimento. Como estava só, tinha de deixar um para tocar o outro. Isso obrigava-o a passar repetidas vezes por um buraco profundo, situado no centro da torre e que permitia o movimento dos pesos do relógio. Lá se foi equilibrando durante algum tempo, fazendo nos sinos uma “barulheira infrene”.
A certa altura, porém, foi colhido pelo bordo de um dos sinos que o atirou para o tal buraco, onde ficou como morto, de cabeça para baixo. Quando dali foi retirado apresentava uma profunda brecha na cabeça. O mais grave é que terá ficado privado das suas capacidades mentais. Ao comentar jocosamente esta notícia, o correspondente do jornal de Anadia Bairrada Livre acrescentava: “E assim teve a recompensa do seu piedoso acto! Ou o papa não era santo ou a ingratidão não é defeito exclusivo dos pobres mortais” (1)
(1) “Um desastre”, Bairrada Livre, n.º 195, 25.09.1914, p. 3. Ver também Nuno Rosmaninho, “O anticlericalismo na província: um ferreiro da Bairrada”, Actas do Colóquio O Anticlericalismo Português: História e Discurso, Aveiro, Universidade de Aveiro, 2002, pp. 307-326. Publicado também em Aqua Nativa, Anadia, n.º 21, Dezembro de 2001, pp. 27-38.
quinta-feira, 11 de março de 2010
domingo, 7 de março de 2010
E o MOUVA?
BOM DIA,
DADAS AS CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS, SUSPENDEMOS A REALIZAÇÃO DO MOUVA, ESTA MANHÃ.
SE NA HORA DE ALMOÇO [12H30} A CHUVA DER TRÉGUAS, RETOMAMOS COM O MERCADO, ÀS 13H00, COM ANIMAÇÃO E ACTIVIDADES PELA TARDE FORA.
OBRIGADO A TODOS PELA COMPREENSÃO!
ACTIVIDADES 7 MARÇO (TARDE):
Cuidados de Saúde: Rastreios à tensão arterial e glicemia
«Quem Tem Medo do Fernando Pessoa?» (Poesia/Performance sobre vida e obra do autor com Catarina Teixeira)
«Toca O Sino às 12h12» (Conto Infantil com colaboração do Centro Social da Palhaça)
«Deixa-Me Rir» (Sessão de risoterapia com Fernando Baptista) Acções permanentes:
«A Poesia Que Fugiu dos Livros» (Poesia espalhada pelo recinto, distribuída nos sacos e recitada ao megafone)
«ExperimentaCiência» (actividades de curta duração de explicações simples de ciências) Informações 918153609
DADAS AS CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS, SUSPENDEMOS A REALIZAÇÃO DO MOUVA, ESTA MANHÃ.
SE NA HORA DE ALMOÇO [12H30} A CHUVA DER TRÉGUAS, RETOMAMOS COM O MERCADO, ÀS 13H00, COM ANIMAÇÃO E ACTIVIDADES PELA TARDE FORA.
OBRIGADO A TODOS PELA COMPREENSÃO!
ACTIVIDADES 7 MARÇO (TARDE):
Cuidados de Saúde: Rastreios à tensão arterial e glicemia
«Quem Tem Medo do Fernando Pessoa?» (Poesia/Performance sobre vida e obra do autor com Catarina Teixeira)
«Toca O Sino às 12h12» (Conto Infantil com colaboração do Centro Social da Palhaça)
«Deixa-Me Rir» (Sessão de risoterapia com Fernando Baptista) Acções permanentes:
«A Poesia Que Fugiu dos Livros» (Poesia espalhada pelo recinto, distribuída nos sacos e recitada ao megafone)
«ExperimentaCiência» (actividades de curta duração de explicações simples de ciências) Informações 918153609
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