terça-feira, 18 de dezembro de 2012

"NÓS NÃO SOMOS A GRÉCIA"?

 
 
 















Bastas vezes, há já vários meses, vou ouvindo, sobretudo da coligação que governa o país, mas também de ilustres "fazedores de opinião" mui aperaltados, que Portugal não é a Grécia. A coisa [um soundbyte catita] até rendeu, inicialmente, umas manchetes giras, quando a ideia ainda não tinha sido repetida ad nauseam.
 
Talvez a coisa fosse revestida inicialmente de boa intenção, qual psicologia das massas, frase-colete, statement-protecção, mantra guardião da sanidade mental dos cidadãos portugueses. Do género "se repetirmos muitas vezes PORTUGAL NÃO É A GRÉCIA, talvez seja verdade, talvez o eco deste slogan nos dê força para descolarmos dessa associação e nos ajude a reerguermo-nos". E se repetissemos, vezes sem conta, "Nós somos a nova Noruega"? Que efeito teria?
 
Voltando à tal frase. Podemos até brincar e dizer que é uma "LaPalissada" afirmar coisas destas. De facto, não somos a Grécia, para o bem e para o mal, dentro e fora da krísis (palavra, na origem, muito grega, de facto). De facto, cada país, a sua sentença. Não há nações iguais. Adiante.
 
O que intriga é o modo como o caso da Grécia acaba por ser instrumentalizado e legitimado no/pelo discurso político. Afinal, até parece dar jeito haver uma Grécia, em piores condições do que Portugal, para poder-se comparar o mau com o menos mau, ou mesmo, do outro lado da barricada, dizer que a Grécia de hoje é o Portugal de um futuro relativamente próximo.
 
Deve fazer menos mal à moral de certos sectores, que vou ouvindo, saber que há um povo (supostamente) ainda mais "irresponsável" e "despesista" do que o português (os termos não são meus). Não sei o que isso tem de bom, na verdade. Nesse caso, parece que o princípio solidário da União Europeia poderá valer perto de zero. Afinal, este mantra sempre vai dando para desviar as atenções por algum tempo de certos tabus. Mas isto não é senão um estado de negação, uma forma de fuga?
 
Haverá alguma conveniência em que os media ocidentais se foquem mais na Grécia do que em Portugal? O New York Times já fotografou e mostrou o lado mais sombrio da nossa crise através de imagens e números no seu site.

A questão é: E se não houvesse uma Grécia, em piores condições do que Portugal, para comparar?

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Há teatro na Palhaça - Frei Luís de Sousa

A tradição do teatro na Palhaça é antiga, assunto abordado neste blog aquando na inauguração da exposição "Teatro - imagens e memórias".
Passados vinte e oito anos o Grupo Cénico da ADREP vai levar à cena novamente “Frei Luís de Sousa” - , onde alguns intérpretes serão os mesmos de há vinte e oito anos. A  representação é neste sábado e domingo. Mais informações para a compra de bilhetes  aqui ou pelo número 962838980.



Nota: Onde se lê 20.30h deverá ser lido 21.00h.

Resumo da Obra

"Esta obra de Almeida Garrett aconteceu no decorrer do século XVI, retrata a vida de Manuel Luís de Sousa Coutinho e da sua esposa D. Madalena de Vilhena, uma mulher muito supersticiosa, que acredita que qualquer sinal que achasse fora do normal era uma chamada de atenção para acções futuras, um presságio. Enquanto que Manuel, um homem corajoso, patriota, provado historicamente que era possuidor de um grande amor por Madalena, não se importa com o passado da sua esposa, esta vive com muitos receios em relação ao facto do seu primeiro marido, D. João de Portugal, que, apesar de se pensar que terá sido morto na batalha de Alcácer Quibir, está ainda vivo e regressa a Portugal tornando ilegítimo o casamento de Manuel.

Este facto valoriza o amor, mesmo contra os ideais sociais da época. O dramatismo desta obra é mais acentuado quando o autor concede ao casal uma filha, D. Maria de Noronha, uma jovem que sofre de tuberculose. Pura, ingénua, curiosa, corajosa, perfeitamente inocente dos actos dos seus pais, é a personificação da própria beleza e pureza que se consegue originar mesmo num casamento condenável. É-lhes concedido também um aio, Telmo Pais, que ainda é leal ao seu antigo amo, D. João de Portugal, para além de ser contra o segundo casamento de D. Madalena. Conselheiro atencioso e prestativo que tem um carinho enorme por D. Maria de Noronha.

O desfecho da obra é originado por Manuel de Sousa que incendeia a sua casa a fim de não alojar os governadores. Ao perceber que Manuel destruíra a sua própria casa, onde residia o quadro de D. Manuel de Sousa Coutinho, Madalena toma esta situação como um presságio, pressentindo que iria perder Manuel tal como perdeu a sua casa e o seu quadro. Consequentemente, Manuel vê-se forçado a habitar na residência que dantes fora de D. João de Portugal. Este regressa à sua antiga habitação, como romeiro, e frisa as apreensões de Madalena ao identificar o quadro de D. João.

Com esta revelação, o casal decide ingressar na vida religiosa adoptando novos nomes: Frei Luís de Sousa e Sóror Madalena. O conflito desenvolve-se num crescente até ao clímax, provocando um sofrimento (pathos) cada vez mais cruel e doloroso. Esta obra está tão bem organizada, ou seja, os acontecimentos estão tão bem organizados, que nada se pode suprimir sem que se altere o conflito e o respectivo desenlace. Considera-se um drama romântico embora possua algumas características de um clássico: o nacionalismo, o patriotismo, a crença em agoiros e superstições, o amor pela liberdade (elementos românticos); indícios de uma catástrofe, o sofrimento crescente, o reduzido número de personagens, peripécias, o coro (elementos clássicos)". Retirado daqui.