Saio da AR, onde troquei umas palavras com uma jovem representante dos Precários Inflexíveis, que me ia dando conta das linhas gerais das propostas sobre recibos verdes (papéis que conheço, não pelos melhores motivos), a serem apresentadas dentro de momentos pelo PS e pelo BE. Tenho pena de não ter podido assistir ao debate. Não gosto muito da inflexibilidade, prefiro a concertação e a fiscalização (que acabam por não funcionar), mas sou um precário... Portanto, esta história diz-me respeito.
Lá fora, cruzo-me com uma marcha da CGTP - demasiado partidarizada e envelhecida, mas admirável pela resistência e pela cara que dá - e mais uma vez constato que eu e muitos jovens não se revêem naquela abordagem, mas instala-se num tipo afectado pelo precariado um dilema: aquela luta, apaixonada e solidária daqueles trabalhadores é importante, mas ao mesmo tempo há um certo receio do jovem não partidário de integrar um colectivo, do rótulo e de associação a um certo sindicato/partido. Tão independentes que queremos ser que parece que não somos nada... Entro, não entro na marcha? Fico de fora? Assisto? Exponho-me? Que consequências? O medo anda à solta?
A nossa geração parece não se identificar com os «velhos» sindicatos, mas tem tantas razões para reivindicar... A luta não é anacrónica, é urgente, tem todo o sentido, quando a taxa do desemprego anda por volta dos dois dígitos. O MAY DAY não chega... As denúncias à Inspecção do Trabalho não chegam, as conversas de café idem...
Fiquei amargo, encolhido e a sentir-me impotente, por achar que, cada vez mais individualistas, muitos jovens, que têm o seu futuro hipotecado, jovens de esquerda, de direita ou híbridos, não estão a encarar os problemas laborais - entre outros estruturais - de frente, de uma forma corajosa e veemente.