Fim de dia. Recolher a prole e tentar alongar os braços ao resto do dia no abraço. Vaguear com eles pelo final de dia na vila. Primeiro a visita aos avós, depois a guarnição do quintal vem connosco. O passeio continua por ruas, avenidas e vielas. Detemo-nos na rega das batatas, brincamos à adivinha das cores que o arco-íris dos chuveiros vai fazendo. Paramos na fonte, "aquela onde podemos subir ao telhado", a preferida do aventureiro, e fugimos das sombras no meio da erva crescida. Seguimos rotunda fora e apontamos as datas dos pelourinhos. Se há hora que me agrade nesta vila é esta, quando o campo recolhe e a cidade regressa. Neste instantes cruzam-se familiaridades.
Um poema para este Maio, antecipando o verão.
Um poema para este Maio, antecipando o verão.
"O meu país sabe a amoras bravas no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce de quem acorda cedo,
para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez nem goste dele
Mas quando um amigo me traz amoras bravas
os seus mros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul."
Eugénio de Andrade, O outro nome da terra