segunda-feira, 25 de abril de 2011

Fragmentos de Abril



Deixo que a palavra

tão incerta

teça


a liberdade a meio

deste Abril

para que a memória em Portugal não esqueça


tomando da flor

o cravo na matriz


teimando que a paixão

a tudo vença


dizendo não àquilo

que não quis


(Maria Teresa Horta)






"A tristeza da normalização democrática não são as eleições e os partidos, essa foi uma das razões dos cravos. A tristeza é que a sua imposição se fez expropriando a festa, a democracia que nascia nas ruas, nos empregos e dentro de cada família, dos seus direitos.

A tristeza da normalização não é a da vida ter mudado e termos chegado à sociedade de consumo. A tristeza é que a sua imposição se fez acentuando as raízes da desigualdade, coisificando as relações humanas, quebrando generosidade. A tristeza da nossa democracia é a dos seus limites e vulgaridades. Dito isto, não há razões para tristezas. O que se viveu valeu a pena. E o que vivemos é todo um programa de exigência. Democracia sem fim é o que aprendemos com Abril. Lá chegaremos, mesmo que hoje não saibamos como".


(Miguel Portas)



Falo-te de Abril

companheiro

deste mês em que as palavras

se enlaçaram de gestos

e transformaram a vida

em mais que esperança


falo-te da luta

companheiro

desta luta agora

dia a dia

e do trabalho e do suor

e dos campos que de ti floriram


falo-te companheiro

deste mês Abril

e da tua força

em que não há enganos


(leonor santa-rita)



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