terça-feira, 26 de junho de 2012

Exposição "Teatro - imagens e memórias"

O Museu S.Pedro inaugurou no domingo passado, 24 de junho, a exposição "Teatro - imagens e memórias" no coreto da Praça S. Pedro, com a presença do seu Presidente,  António Capão, a Vereadora da Cultura, Laura Sofia Pires, o Presidente da Junta de Freguesia, Manuel Augusto Martins, e outros autarcas e convidados que se juntaram à sessão. De acordo com informações recolhidas no próprio dia será possível visitar a exposição ao final do dia, durante esta semana, e no próximo fim-de-semana num horário mais alargado (a confirmar com os responsáveis do museu).Ainda que não haja datas nas fotografias das várias peças, de acordo com o excerto que apresenta a exposição, a mostra apresenta uma série de quadros com representações, dois manequins e alguns documentos de época, que dão conta da presença assídua do teatro na vida da freguesia ao longo dos últimos 80 anos anos.A "Paixão de Cristo", peça representada em 2011 na freguesia e levada ao palco do Teatro Aveirense com enorme sucesso no passado mês de maio, com a mobilização de um vasto elenco e de uma grande equipa de trabalho ao longo de 5 meses, integra esta mostra e confirma que o gosto e o interesse dos Palhacenses em torno da representação se mantêm vivos e continuam a mover as gerações mais jovens. 




INTRODUÇÃO DA EXPOSIÇÃO | “Mas se o drama, muitas vezes aproximado do dramalhão romântico, tem suscitado foros de primazia entre o auditório popular, é certo também que a comédia, que tende a provocar o riso e até a hilaridade, caindo muitas vezes no burlesco, tem igualmente sido motivo de grande interesse e de devotada estima; se o dramalhão lhe provoca a catarse através do despertar de sentimentos de piedade perante o martírio da inocência, a comédia liberta-o, por momentos, das suas constantes preocupações, por meio da estimulação do riso aberto e franco. 
Durante mais ou menos quarenta anos, o número de peças representadas na freguesia da Palhaça torna-se notável e confirma o que dissemos acima. O nosso informador (1) que, a partir de 1935, foi o ensaiador e o grande animador destes espectáculos na Palhaça, depois de uma conversa amiga, forneceu-nos uma lista de títulos que, mesmo assim, não considera completa:

"Dramas ou peças dramáticas:
-As Filhas do Operário
- Abençoado Amor
- O Segredo do Pescador
- As Duas Causas
- Gaspar, o Serralheiro
- Rosas de Nossa Senhora
- A Morgadinha dos Canaviais
- Amor de Perdição
- Casa de Pais
Comédias:
- O Julgamento no Samoco
- Choro ou rio
- Os dois Velhos Gaiteiros
- Ressonar sem dormir
- Mariquinhas, a Leiteira (Opereta)
- Um pássaro a voar
Duetos e Cançonetas:
- A pomba e o caçador
- Um beijo roubado
- Sobre as águas do Mondego
- O prateleiro
- O zabumba
- O Zé P' reira
- O dó-ré-mi-fá-sol-lá
- O Zé Broa"
Dentre os muitos títulos de peças de teatro que foram representadas e que, ao tempo, tiveram também grande sucesso, lembramos ainda "Leonardo pescador", "Rosa do Adro" e "Inês de Castro.”

(1) O nosso informador foi o Sr. Manuel Simões da Silva, mais conhecido
por Manuel Tomé. 
In: CAPÃO, António; Cultura Popular em Terras de Aveiro, Edição da Acção
Católica Rural. Aveiro 1993 





2 comentários:

Carlos Braga disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Braga disse...

Para lá dos inegáveis méritos e do reconhecimento devido a Manuel Tomé (Manuel Simões da Silva) enquanto ensaiador de peças de teatro e autor do Auto dos Reis Magos da Palhaça, convém relembrar também outro ensaiador de méritos firmados: António Ferreira Julião que em 1962 levou à cena a peça Volta ao Lar, representada 3 vezes no salão da Junta de Freguesia. Manuel Simões da Silva levaria à cena, no dia 2 de Junho de 1957, o drama em 3 actos João, o Corta Mar, de António Correia de Oliveira. Também foi levada à cena creio que nos finais dos anos 60 do século XX a peça teatral A Barca sem Pescador, de Alejandro Casona.
Mas a tradição do teatro na Palhaça remonta pelo menos aos alvores do século XX, pois há registos disso na imprensa da época. Em 1904 a Troupe Dramática Palhacense levou à cena o drama sacro Milagres de Santo António e a comédia em um acto Boquinha Calada. No ano seguinte, o grupo de amadores da Companhia Dramática Palhacense apresentou ao público o entremez Morgadinha de Val-Flor. Vem realmente de longe o gosto do povo da Palhaça pela representação e pela arte de Talma.