INTRODUÇÃO DA EXPOSIÇÃO | “Mas se o drama, muitas vezes aproximado do dramalhão romântico, tem suscitado foros de primazia entre o auditório popular, é certo também que a comédia, que tende a provocar o riso e até a hilaridade, caindo muitas vezes no burlesco, tem igualmente sido motivo de grande interesse e de devotada estima; se o dramalhão lhe provoca a catarse através do despertar de sentimentos de piedade perante o martírio da inocência, a comédia liberta-o, por momentos, das suas constantes preocupações, por meio da estimulação do riso aberto e franco.
Durante mais ou menos quarenta anos, o número de peças representadas na freguesia da Palhaça torna-se notável e confirma o que dissemos acima. O nosso informador (1) que, a partir de 1935, foi o ensaiador e o grande animador destes espectáculos na Palhaça, depois de uma conversa amiga, forneceu-nos uma lista de títulos que, mesmo assim, não considera completa:
"Dramas ou peças dramáticas:
-As Filhas do Operário
- Abençoado Amor
- O Segredo do Pescador
- As Duas Causas
- Gaspar, o Serralheiro
- Rosas de Nossa Senhora
- A Morgadinha dos Canaviais
- Amor de Perdição
- Casa de Pais
Comédias:
- O Julgamento no Samoco
- Choro ou rio
- Os dois Velhos Gaiteiros
- Ressonar sem dormir
- Mariquinhas, a Leiteira (Opereta)
- Um pássaro a voar
Duetos e Cançonetas:
- A pomba e o caçador
- Um beijo roubado
- Sobre as águas do Mondego
- O prateleiro
- O zabumba
- O Zé P' reira
- O dó-ré-mi-fá-sol-lá
- O Zé Broa"
Dentre os muitos títulos de peças de teatro que foram representadas e que, ao tempo, tiveram também grande sucesso, lembramos ainda "Leonardo pescador", "Rosa do Adro" e "Inês de Castro.”
(1) O nosso informador foi o Sr. Manuel Simões da Silva, mais conhecido
por Manuel Tomé.
In: CAPÃO, António; Cultura Popular em Terras de Aveiro, Edição da Acção
In: CAPÃO, António; Cultura Popular em Terras de Aveiro, Edição da Acção
Católica Rural. Aveiro 1993
2 comentários:
Para lá dos inegáveis méritos e do reconhecimento devido a Manuel Tomé (Manuel Simões da Silva) enquanto ensaiador de peças de teatro e autor do Auto dos Reis Magos da Palhaça, convém relembrar também outro ensaiador de méritos firmados: António Ferreira Julião que em 1962 levou à cena a peça Volta ao Lar, representada 3 vezes no salão da Junta de Freguesia. Manuel Simões da Silva levaria à cena, no dia 2 de Junho de 1957, o drama em 3 actos João, o Corta Mar, de António Correia de Oliveira. Também foi levada à cena creio que nos finais dos anos 60 do século XX a peça teatral A Barca sem Pescador, de Alejandro Casona.
Mas a tradição do teatro na Palhaça remonta pelo menos aos alvores do século XX, pois há registos disso na imprensa da época. Em 1904 a Troupe Dramática Palhacense levou à cena o drama sacro Milagres de Santo António e a comédia em um acto Boquinha Calada. No ano seguinte, o grupo de amadores da Companhia Dramática Palhacense apresentou ao público o entremez Morgadinha de Val-Flor. Vem realmente de longe o gosto do povo da Palhaça pela representação e pela arte de Talma.
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