segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O Partido Nulo - A opção de dizer «Nós, eleitores, existimos»?




Há quem desvalorize a hipocondria, chamando-lhe «mania», mas é bem possível que seja um sinal de que algo vai mal com quem diz padecer das doenças x, y, b, c, d, k e z.

Há quem desvalorize - os partidos proeminentes, por exemplo - as abstenções gordas, os votos em branco ou nulos, mas o que é certo é que a democracia representativa e os partidos com assento na AR cada vez menos representam os cidadãos. Basta perguntar quantos novos militantes há nos partidos eleitos e ler as percentagens, comparando a abstenção com o somatório dos votos em partidos. Os ditos «grandes partidos» são minoritários, logo, a noção de representatividade é falaciosa, falsa.

Que este Partido Nulo sirva, pelo menos, para os cidadãos, e os partidos reflectirem sobre o que têm feito - não mais do que guerras interpartidárias e algumas leis, muitas vezes discutidas a correr - e o sobre o que querem fazer em comum pelo Bem Comum (se realmente ainda é esse o objectivo-mor dos partidos - duvido).

O próprio sistema - criado pelos media e pelos partidos mais sonantes - abafa a existência de partidos não representados na AR, ignorando-os, não lhes dando voz. O que ouvimos/conhecemos sobre os movimentos cívicos ou mesmo sobre o MEP e o MMS, supostamente novos partidos?

Se o Partido Nulo existe e tem aderentes é porque não é uma mera brincadeira do Rui Zink ou uma rábula dos Gato Fedorento. É porque existe uma história, uma tendência eleitoral (que nos leva a questionar a falência ou fragilidade de algumas instituições democráticas e o próprio curso do Sufrágio Universal).


Segue, abaixo, um excerto do manifesto do Partido Nulo (clicando sobre este, poderão ter acesso ao texto na íntegra):

Há uma crise grave de representatividade dos orgãos de soberania portugueses.

O governo ainda em funções foi mandatado para governar com maioria absoluta durante quatro anos por 121 deputados da Assembleia da República que colheram 2 milhões e meio de votos, ou seja menos de 30% do total dos votantes inscritos.

Cada um dos 22 eurodeputados portugueses foi eleito por não mais de 140 mil votantes.

A maioria dos representantes autárquicos portugueses representa não mais de 30% do total de eleitores.

Caso extremo de falta de representatividade democrática, o presidente de Câmara Municipal de Lisboa foi eleito em 2007 por um em cada dez eleitores.

A abstenção tem-se tornado assim num conveniente pretexto para governações minoritárias tendencialmente alheadas dos interesses dos cidadãos.

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