terça-feira, 7 de abril de 2009

[Euro-dúvidas] Porquê Durão de Barro, perdão, Barroso?
















Era uma vez um cidadão - sempre com as suas dúvidas sobre política - diante de uma televisão, a «consumir» notícias atrás de notícias, e a tentar não perder o pé para a alienação e a procurar absorver e interpretar o que vai observando.

Esse mesmo cidadão - português, europeu, global - é informado de que CDS, PSD e, não obstante algumas discordâncias internas (Ana Gomes, Vera Jardim, Vital Moreira e Mário Soares), PS apoiam a reeleição de Durão Barroso à frente dos destinos da Comissão Europeia.

Todas as posições partidárias serão legítimas, se decididas democraticamente, pensa o cidadão. Provavelmente todos os apoios assentam num misto de razões e emoções, admite o natural da coisa. Não lhe parece que o apoio político a quem quer que seja, de facto, aconteça exclusivamente por força da Razão (que, aliás, também tem os seus defeitos).

Por outro lado, o tal cidadão ainda tem a ilusão de que, da presidência de uma instituição cujas decisões afectam todos os europeus, são feitos balanços dos mandatos pelos 27 e, a partir daí, são construídos e divulgados argumentários favoráveis, desfavoráveis ou «de 3ª via» à renovação do seu presente líder e da sua equipa.

É possível que tais argumentários sejam delineados e ampliados nos próximos tempos e espera o cidadão que os media, ao divulgá-los, não revelem apenas os mais básicos pseudo-argumentos e emoções, para este não se sentir enganado, nem partir de pressupostos redutores para formar opinião.

Hoje, ficou a saber, por Paulo Portas (CDS) e por Zita Seabra (PSD), que o apoio de ambos - embora Portas assinale discordâncias fortes de Barroso - se sustenta numa ideia: «é uma honra para Portugal ter um presidente da CE português». Zita Seabra chega a dizer num «frente-a-frente» algo como «antes de europeus, devemos ser portugueses» e não avança muito mais, quando tem mais tempo para argumentar.

Ironicamente, o tal famigerado português apoiado por alguns só por ser um português é o mesmo português que abandonou Portugal, enquanto o «governava»; é o mesmo português que ora esteve na Base das Lajes a sorrir para Bush, Blair e Aznar na «Cimeira da Vergonha» - no arranque da Guerra do Iraque -, ora fez o mesmo ao oponente de Bush, Barack Obama, muito crítico dessa mesma guerra. Ironicamente, este português é o mesmo que propôs que a carga de horário laboral na UE pudesse ir até as 65 horas por semana, uma medida felizmente rejeitada no Parlamento Europeu.

Um cidadão - que tem mais perguntas do que respostas - questiona-se, perante um pseudo-argumento, de cariz nacionalista: porquê tem que ser português? qualquer português serve? porque é que este merece uma segunda oportunidade? não há mais argumentos, além de um patriotismo bacoco e contraditório?

Apoiantes de Durão Barroso à presidência da CE, expliquem - como ele tivesse que votar - ao cidadão confuso que existem outros motivos para a reeleição do Durão Barroso, por favor. Certamente existirão e ele realmente ficou alienado com o desfilar das notícias e perdeu o essencial.

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