Plataforma de informação e discussão democrática acerca de questões sociais, culturais e políticas, respeitantes aos palhacenses & CA ( aos níveis local, regional, nacional e internacional, numa era repleta de desafios). Proposta: uma sociedade civil mais desperta para os seus direitos e deveres; uma vila mais solidária e dinâmica. Mail: palhacacivica@gmail.com (pedir senha para aceder)
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Contra a instabilidade climatérica...fez-se MOUVA
sexta-feira, 26 de junho de 2009
MO(U)VA vida na Palhaça
Programa
12h/15h - Ioga do riso (com Vanessa Correia, CITAC);
12h15 - Infantário da Praça: Actividades para crianças com histórias e desenho
11h/15h - Actuação da dupla BD (Alunos de violino e guitarra da Escola de Artes da Bairrada);
10h/16h - Performances interactivas (por actores do CITAC -Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra);
10h/16h - Exposição de fotografias: "Praças" (Última oportunidade)
terça-feira, 23 de junho de 2009
LENGA-LONGA: Portugal (também) é isto
Fabricante de bandeira
Kit-Kat, Capital
Luna Park de fronteira
Falocrata à paisana
Pico pico saramico
Sanduíche americana,
Quem te deu tamanho bico?
Senta-te, não caias
Cala e come a tua mão
Menino, saia das saias
Homem não se quer chorão!
Ai não queres, adeus viola
Quem pode não sai de cima
Da foda não reza a escola
Muito perdoa quem rima
Muita carne de terceira,
Com molho tudo se engole
Pergunte à alternadeira
Se a moral não anda mole
Central talvez nuclear
Guerra sempre preventiva
Gasolina pró jantar
Que a gente em nada se priva
Era uma vez um paísà beira mar chamuscado
Porque Deus assim o quis
De cinza e negro pintado
Era uma vez uma terra
De lá vem um lá vão dois
Onde a carroça se enterra
Terão de passar os bois
Nem tanto ao mar
Nem tanto à terra
A gente ladra ao luar
Mas à luz do sol não ferra
Gira lá roda da sorte
Gosto de ouvir-te chiar
Pois do berço até à morte
Me deixarei embalar
Caluda, bolinha baixa
O Salazar é que era
O povo a toque de caixa
Nesses tempos quem me dera!
Futebol de canapé
Nossa Senhora da Bola
Tenho medo e tenho fé
Cerveja com muita gola
Oh Senhora dos Parolos
Que fazes numa azinheira?
Precisamos é de golos
E missa futeboleira!
Se é pobre é porque tem culpa
Se é preto, tirem-lhe a tosse
Se é puta que pague a multa
E se é puto antes não fosse
Se é bicha, jaula com ela
Se é bicho, atira a matar
Se é jovem não lhe dês trela
Se é cota não tem lugar
Se é doente já não presta
Se é carente compre um cão
Se é urgente não tem pressa
Se caiu, deixa no chão.
Rebeubéu pardais ao ninho
Portugal engole sapos
No sótão, só macaquinhos
Na cave, gatos-sapatos
Nem tanto ao mar
Nem tanto à terra
A noite ladra ao luar
Mas à luz do sol não ferra
Ouvir aqui: Ana Deus (voz) + Regina Guimarães (letra)
domingo, 21 de junho de 2009
Memória de Carlos Candal
É assim, sem biombos, que me apetece falar do histórico militante socialista Carlos Candal, embora saiba que o post mortem continua ser o estado mais propício ao aguçar das virtudes e do reconhecimento público e ao branquear dos defeitos da nossa humana condição.
Homem exímio a manusear o látego da ironia, flagelava e era flagelado por opositores ou declarados adversários políticos. Nos anos de brasa da revolução de Abril, o MRPP chamava-lhe o “trinca boquilhas”. E quando passou a fumar charutos, era acusado de andar sempre com o símbolo fálico a bailar-lhe na boca. Ele, por sua vez, retrucava da mesma maneira: quando Mário Soares colocou o socialismo na gaveta e promoveu alianças à direita, apelidou-o de “bailarina política”. Assim mesmo. Vicente Jorge Silva chamou-lhe “republicano bolorento” mas não ficou sem resposta: de imediato foi apodado de “revolucionário reciclado”. E há bem pouco tempo, quando Manuel Alegre começou a entoar um canto desconforme com a maioria política do momento, Candal não teve pejo em afirmar que ele estava é a precisar de “um chuto”.
Eis o desassombro, a braveza física e moral de um homem que nunca hesitou em noivar a liberdade, mesmo no tempo em que outros se compraziam em cortejar a ditadura. Em 1969 e 1973, Aveiro foi palco de dois congressos republicanos. Candal, candidato a deputado pela oposição, assumiu importante papel na organização do primeiro.
O seu “Breve Manifesto Anti-Portas em Português Suave”, um libelo acusatório salpicado de bairrismo contra os políticos de Lisboa que se aprestavam para tomar de assalto a sua cidade – gente que, como costumava dizer Mário Sacramento, só começou a comer ovos moles em idades muito avançadas... – causou alguma indignação e fez estremecer certas almas bem pensantes. A verdadeira pedrada no charco de uma campanha sensaborona e da política liofilizada. Numa reacção hipócrita, Guterres retirou-lhe a confiança política e alguns jornalistas tentaram crucificá-lo, não resistindo a insultar como coiotes o velho leão ferido. Torquato Sepúlveda, por exemplo, chamou-lhe “cowboy” de um “western spaghetti”. Mas Candal resistiu. Foi até Bruxelas e refez a carreira, sempre apostado em pôr um pouco mais de sal ou picante na política.
Falei com ele apenas duas vezes. Uma na própria residência em Aveiro, situada a meio da Av. Dr. Lourenço Peixinho. Tinha ido lá solicitar parte do espólio de Homem Cristo, que sua esposa, a Dra. Isabel Cerqueira, prima de Zeca Afonso, conservava. A outra foi em Oliveira de Azeméis, pouco tempo depois, e num encontro meramente fortuito. Meteu-se comigo, naquele tom mordaz e jocoso que o caracterizava, concedendo-me a liberdade de lhe dizer: o Sr. Dr. tem a curva da prosperidade um pouco mais saliente do que no dia em que o conheci. Ao que ele respondeu, com aquela peculiar voz cavernosa e sem pestanejar, fazendo jus a um certo marialvismo lusitano a que muitos o colavam: deixe lá, as primas gostam...
Mais do que um homem de partido, Candal gostava de tomar partido. Esteve praticamente sempre do lado contrário ao dos seus correlegionários que assumiam o poder. Por isso o seduzia tanto a advocacia, a guerra de palavras, a luta, a tensão permanente.
Sem tiques de vedetismo ou ambições carreiristas, o advogado de província finou-se um dia destes. Consta que mal recuperou do acidente que o acometeu, em plena campanha para as europeias, terá pedido um charuto.
Oxalá que do alto dos seus charutos nos continue a inquietar, com a mesma atitude desafiadora que sempre teve perante a vida.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Nostalgia - Coimbra, Palhaça
na varanda de uma casa da Alta,
com vista para a cidade abaixo,
parte descurada, feia e suja,
parte misteriosa,
ouvi, hoje, uma flauta de amolador.
estou quase certo de que «A Aparição» ocorreu... na Praça 8 de Maio, na Baixa:
não eram os pastores («ainda há pastores?»),
nem uma narco-alucinação ou crença chamada Virgem Maria,
nem o amolador (mas também era),
não eram as facas, as tesouras ou os canivetes a afiar (mas também eram).
era a nostalgia.
era a raridade.
era a música em fuga.
era o elogio do que está para desaparecer.
ou do que está para vir,
se quisermos.
estou em Coimbra
e recuei a uma certa Palhaça:
a Palhaça da infância,
quando e onde não sabia o que era a ganância.
quando e onde pensava que só havia ou gente boa ou gente má,
quando não sabia que, afinal, uma pessoa pode ser boa e má,
sem isso ser assim tão estranho (apenas humano).
o som desta flauta, ecoando pela cidade, tem personalidade,
tem estilo próprio,
é assim aqui,
era assim na infância,
é assim imortalizado n' «O Assobio (Canção do Avô)».
já nem sei se ainda passa por aí - Palhaça - algum amolador.
fazem falta. nem que seja para nos afiar, ou desafiar.
devia correr por aí à procura de todas as facas e tesouras guardadas em todas a gavetas frescas deste país, para as afiar...
ou... para não deixar morrer o fugaz «sonido» quase ido.
terça-feira, 16 de junho de 2009
sábado, 13 de junho de 2009
Que havemos de fazer com a liberdade, ou o que há-de a liberdade fazer de nós? A liberdade política é ganho irrecusável da civilização e da cultura, fruto arduamente acumulado da experiência e da reflexão humanas. Possível, além do mais, quando à consistência da vida sócio-económica e cultural se somou a maior disposição de si mesmo, juntando-se a lógica reivindicação de participação e decisão na coisa pública.Realidade esta não isenta do estímulo e ensaio que lhe foram proporcionados pelas comunidades cristãs, dos Actos dos Apóstolos à vida “consagrada” dos mosteiros e conventos (possibilidade de ascensão social em tempos muito estratificados, maior liberdade para contrair casamento ou tomar outra opção, autoridade feminina nas instituições e iniciativas religiosas, etc.).Como pretendeu Fukuyama, a história já teria atingido o seu objectivo, ao realizar as duas grandes motivações do seu processo, sintetizado com Hegel no desejo humano - em relação ao que cada um necessita para se manter e crescer - e no reconhecimento que esperamos dos outros em relação à nossa dignidade própria. Ambos - desejo e reconhecimento - se realizariam na democracia liberal, que, sendo o termo da evolução ideológica da humanidade e a forma final do governo humano, constituiria como que o fim da história (cf. Fukuyama, F. - O fim da história e o último homem. Lisboa: Gradiva, 1992, p. 13-14). No entanto, o rescaldo do século XX, certamente um dos mais trágicos e brutais da história humana, leva-nos a considerar que a acepção política da liberdade não basta. Apesar dos indesmentíveis ganhos conseguidos neste capítulo, ainda se fica mais pelo quantitativo e formal do que pelo qualitativo e realmente novo.Aliás, a desilusão ideológica recente retraiu a liberdade para o domínio do sentimento individual, entre o devaneio e a ambição. Podemos alargar o âmbito do que escreveu Bento XVI na sua Mensagem de 1 de Janeiro passado, Dia Mundial da Paz: “A própria crise recente demonstra como a actividade financeira seja às vezes guiada por lógicas puramente auto-referenciais e desprovidas de consideração pelo bem comum a longo prazo” (Mensagem, nº 10).Não será então melhor considerar a liberdade como dinamismo intrínseco a desenvolver responsavelmente, isto é, conjugado com a liberdade dos outros e do Outro, só assim nos adequando à realidade, ou seja, à verdade? [...]Se no século XIX tentámos traduzir politicamente a liberdade, no regime constitucional e representativo; se o século XX viu sucessivas ideologias reduzirem a liberdade a “pedagogias” opostas, que deixaram em saldo o relativismo pós-moderno… - Não estaremos na altura de considerar a liberdade como dinamismo e capacitação para alcançarmos, pelo acolhimento mútuo e interactivo, um patamar de realidade em que caibamos todos e nos reconheçamos na humanidade comum – essa mesma em que nós, os crentes, confessamos a incarnação de Deus, definitivamente aquém e sempre mais além?
D. Manuel Clemente
Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociaisna 5.ª Jornada da Pastoral da Cultura, Fátima, 05.06.2009
(Colaboração de HVTV)
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Resultados das Eleições Europeias
BE
40
4,15%
CDS-PP
133
13,80%
CDU-PCP-PEV
14
1,45%
MEP
11
1,14%
MMS
13
1,35%
MPT
5
0,52%
PCTP/MRPP
4
0,41%
PH
2
0,21%
PNR
0
0,00%
POUS
1
0,10%
PPM
2
0,21%
PS
92
9,54%
PPD/PSD
575
59,65%
Abstenção
1537
61,46%
63,92%
Votantes
964
38,54%
36,08%
Nulos
22
2,28%
1,17%
Brancos
50
5,19%
4,54%
Ver outros resultados em: http://sic.aeiou.pt/online/noticias/portugal2009/resultados
Salgueiro Maia, capitão de Abril (ou a homenagem que peca por tardia)
Será mesmo verdade que o poder absoluto corrompe absolutamente? Se não corrompe, pelo menos cega. E o pior cego não é o que não vê, mas o que não quer ver. Cavaco recusou-se a ver a greve geral, tal como Sócrates se recusou a ver a manifestação pública de cem mil professores. O desdém e o desprezo absoluto, como se os grevistas, num caso, e os professores, no outro, não existissem. A mesma vontade deliberada de os silenciar, de os reduzir ao nada, de domesticar as consciências. Só através do voto se aperceberam, um e outro, que afinal eles existem.
Em 1989, do alto da sua maioria absoluta, Cavaco Silva recusou uma pensão a Salgueiro Maia, talvez o mais puro e lídimo capitão de Abril. O escândalo tornou-se maior quando veio a público que essa recusa coincidiu com a atribuição, pelo seu executivo, de idêntica pensão a dois inspectores da extinta PIDE. Há gestos que dizem tudo: Cavaco Silva, que talvez nunca tivesse chegado a primeiro-ministro ou a Presidente da República se não existisse democracia em Portugal, ignorou o homem que saiu do ventre de uma chaimite, para erguer o corpo em haste de coragem e de megafone em punho anunciar Abril, exigindo a rendição de Marcelo Caetano no quartel do Carmo. E pareceu ignorar, também, que a PIDE negava a liberdade e a democracia, esquecendo as palavras avisadas de Hannah Arendt: todos os despotismos se apoiam na polícia secreta.
Ao contrário de tanta gente que a polícia política perseguiu e prendeu por cometer o crime de querer viver em liberdade, os torcionários tiveram rédea livre para viver num qualquer recanto perdido da democracia. Alguns foram mesmo agraciados com pensões pelo regime a que se opuseram ferozmente. Um dos dois a quem o executivo de Cavaco Silva não recusou a pensão por “serviços relevante prestados ao país” esteve entrincheirado na Rua António Maria Cardoso, a sede da polícia política, e terá estado envolvido nos disparos contra os manifestantes que causaram os primeiros mortos da revolução. Estranha dualidade de critérios...
Entretanto, porque morrem cedo aqueles que os deuses amam, Salgueiro Maia viria a falecer em 3 de Abril de 1992. Choraram-no, então, os que nunca o mereceram. Os que sempre lhe recusaram promoções. Os que o arrumaram na prateleira da rotina militar. Os que consentiram e o condenaram ao desterro açoriano. Os que têm sempre à mão o lenço nacional para enxugar as lagrimetas de ocasião.
Cavaco Silva tenta agora reparar a gritante injustiça. Deposita hoje, 10 de Junho de 2009, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, uma coroa de flores junto à estátua do capitão de Abril. Mas o Presidente da República perdeu a oportunidade soberana de homenagear, no tempo certo, aquele que em vida sofreu a ingratidão de ver recusada a mesma pensão, pelo regime democrático que ajudou a construir, atribuída a dois algozes desse mesmo regime.
Conseguirá, com esse gesto, limpar a nódoa que ainda mancha o sudário de generosidade e coragem que envolve o capitão Salgueiro Maia? A democracia aprende-se, aperfeiçoa-se e exercita-se. Cavaco Silva, como toda a gente, terá evoluído, não será a mesma pessoa de há vinte anos, já reconhece que também se engana e que tem dúvidas.
Por mim, acredito que o seu gesto, embora tardio, é sincero. Não é fácil estar frente a frente com o passado, olhos nos olhos, quando não se tem a consciência tranquila. Saber assumir os erros só revela a grandeza do gesto. Por isso eu, que tanto me indignei com Cavaco Silva há vinte anos, estou disposto a perdoar-lhe. Escrevi este texto porque não esqueço. Porque sigo a divisa: perdoa, mas não esqueças.
«Direita ganha, mas Europa perde»
2. Houve, naturalmente, governos conservadores penalizados e partidos sociais-democratas na oposição premiados. Os sociais-democratas suecos e dinamarqueses ganharam as eleições. São partidos de centro-esquerda tradicionalmente fortes. O PASOK grego ficou muito à frente dos conservadores da Nova Democracia que governam desde 2007. Mas isso não impede a segunda conclusão: que a crise foi mais adversa para os partidos de centro-esquerda no poder. Foi essa a regra em Londres, Madrid ou Lisboa, mas também em Budapeste ou em Viena. Nem todas as derrotas têm a mesma dimensão. No Reino Unido, os resultados de Gordon Brown arriscam-se a ser o prego que faltava para o seu enterro político. Mas, se chegou a haver a convicção de que esta crise, ao pôr fim ao domínio da ideologia liberal, seria uma oportunidade para o centro-esquerda, os resultados destas estas eleições não o demonstraram.Parecem revelar outra coisa: que o medo e a incerteza podem ser mais facilmente aproveitados pelo discurso anti-imigrantes, anti-Europa e anti-sistema. Na Holanda, na Áustria, em Budapeste nas suas versões mais xenófobas e radicais. Noutros países em versões mais tradicionais.
3. A Europa é também um grande derrotado das eleições europeias. Não apenas por ter estado em boa medida ausente das campanhas eleitorais, mas porque uma maioria de eleitores decidiu não ir votar. Desde 1979, nas primeiras eleições directas para o PE (quando a Europa era apenas a Nove), que os eleitores se vêm afastando cada vez mais das urnas, de cada vez que são chamados a elegê-lo. Desta vez, a abstenção parece ter atingido um valor recorde.Na França ou em Portugal esse valor foi mesmo o pior de sempre. A média europeia de afluência às urnas não ultrapassa os 40 por cento. O desinteresse (ou o protesto) parece ser ainda maior nos países da Europa Central e de Leste, que entraram em 2004, que foram duramente afectados pela crise e cujos sistemas políticos são mais frágeis e mais voláteis. Na leitura dos números, não é fácil distinguir entre o que resultou da decepção em relação à Europa e o que representa a desilusão bastante generalizada com as elites políticas nacionais. O receio do futuro, a percepção de que Bruxelas teve um fraco papel na reacção à crise, a ausência de um discurso europeu que faça sentido para os tempos de hoje, em que tudo está em mudança, podem ajudar a explicar muita coisa. Não inibem os líderes europeus de tirar também dos resultados nacionais algumas conclusões europeias».
[Artigo de opinião de Teresa de Sousa, in Público]
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Campanha Lateral
Tinha flores no regaço para lá levar,
E uma leve esperança de avistar uma democratix fénix.
«As previsões do Banco das Urnas de Portugal dizem que não acaba tão cedo», cantam, em uníssono, os jornalistas.
O que é uma campanha eleitoral, senão uma apanha de postos?
Tudo a postos? A maratona vai prosseguir:
«toma, toma, leva, leva, apanha, apanha»?
Beijo aqui, puxão de cabelo e abraço ali.
A Europa? Mal a ouvi.
Lá ao fundo, um acampamento junto às urnas.
São os carreiristas partidaristas devotos.
Para a contagem de votos.
Gritam:
«São números, senhores, sois números...»
(Oops, fugiu-lhes, à boca das urnas, a boca para a verdade)
quarta-feira, 3 de junho de 2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
Movimento Pela Igualdade
http://www.petitiononline.com/mpi/petition.html
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Criança
Pede-se a uma criança: Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu. Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era de mais. Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor! As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor! Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!
Almada Negreiros (1893-1970)
(Colaboração de HVTV)