Self-made coisa e tal
Fabricante de bandeira
Kit-Kat, Capital
Luna Park de fronteira
Falocrata à paisana
Pico pico saramico
Sanduíche americana,
Quem te deu tamanho bico?
Senta-te, não caias
Cala e come a tua mão
Menino, saia das saias
Homem não se quer chorão!
Ai não queres, adeus viola
Quem pode não sai de cima
Da foda não reza a escola
Muito perdoa quem rima
Muita carne de terceira,
Com molho tudo se engole
Pergunte à alternadeira
Se a moral não anda mole
Central talvez nuclear
Guerra sempre preventiva
Gasolina pró jantar
Que a gente em nada se priva
Era uma vez um paísà beira mar chamuscado
Porque Deus assim o quis
De cinza e negro pintado
Era uma vez uma terra
De lá vem um lá vão dois
Onde a carroça se enterra
Terão de passar os bois
Nem tanto ao mar
Nem tanto à terra
A gente ladra ao luar
Mas à luz do sol não ferra
Gira lá roda da sorte
Gosto de ouvir-te chiar
Pois do berço até à morte
Me deixarei embalar
Caluda, bolinha baixa
O Salazar é que era
O povo a toque de caixa
Nesses tempos quem me dera!
Futebol de canapé
Nossa Senhora da Bola
Tenho medo e tenho fé
Cerveja com muita gola
Oh Senhora dos Parolos
Que fazes numa azinheira?
Precisamos é de golos
E missa futeboleira!
Se é pobre é porque tem culpa
Se é preto, tirem-lhe a tosse
Se é puta que pague a multa
E se é puto antes não fosse
Se é bicha, jaula com ela
Se é bicho, atira a matar
Se é jovem não lhe dês trela
Se é cota não tem lugar
Se é doente já não presta
Se é carente compre um cão
Se é urgente não tem pressa
Se caiu, deixa no chão.
Rebeubéu pardais ao ninho
Portugal engole sapos
No sótão, só macaquinhos
Na cave, gatos-sapatos
Nem tanto ao mar
Nem tanto à terra
A noite ladra ao luar
Mas à luz do sol não ferra
Ouvir aqui: Ana Deus (voz) + Regina Guimarães (letra)
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