Plataforma de informação e discussão democrática acerca de questões sociais, culturais e políticas, respeitantes aos palhacenses & CA ( aos níveis local, regional, nacional e internacional, numa era repleta de desafios). Proposta: uma sociedade civil mais desperta para os seus direitos e deveres; uma vila mais solidária e dinâmica. Mail: palhacacivica@gmail.com (pedir senha para aceder)
domingo, 26 de abril de 2009
sábado, 25 de abril de 2009
Em Abril, um gesto
deste-me cravos rubros
de Abril
colhidos em qualquer sementeira.
Lembrei a clara madrugada
em que começou a tecer-se a liberdade
de dizer não à mordaça
e à cegueira.
Nesse dia, tinha vinte e um anos.
Não podia ficar em casa,
amor,
aquartelado em cobardias.
De arma na mão
lá fui afinar o coração
ao compasso das mais belas melodias.
Trinta anos depois, os cravos que me deste
rescendem a frutos maduros
e queimam
como desafios sempre acesos.
No gesto anunciaste mais
que a própria liberdade,
driblaste silêncios e medos...
A dizer-me que para o amor não há degredos,
mas sim a redentora claridade.
25.04.2004
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Domingo há MOUVA na Palhaça
Fique entre nós, a praça agradece e nós? Bem, nós estaremos à sua espera com o acolhimento que os amigos merecem!
Praceta de histórias para crianças - 11h30/14h30
Oficina de Origamis - 14h30
Música e Poesia - ao longo do dia
domingo, 19 de abril de 2009
Poesia da guerra colonial vai ser compilada
O que me leva a trazer aqui este tema é o facto de saber que não foram apenas só alguns nomes consagrados pelo cânone literário que derramaram em poesia as suas experiências de guerra. Na região da Bairrada há certamente gente que tendo passado pelos cenários da guerra de África expressou poeticamente os sentimentos que lhe iam na alma, perguntando-se muitas vezes, quando o perigo rondava: que estou eu a fazer aqui?
A partir dos anos 60 do século passado e até ao 25 de Abril de 1974, aos jovens com 20 anos deparava-se o dilema de ir para a guerra. As alternativas de lhe fugir – que venha o diabo e escolha... – eram a emigração clandestina, normalmente para França, “a salto”, como então se dizia, com recurso ao célebre “passaporte de coelho”; ou então optar pela pesca do bacalhau à linha, nos mares longínquos e gelados da Gronelândia e Terra Nova. Eram estes os cenários de sonho que se deparavam à juventude daquele tempo.
Ir à guerra foi uma experiência traumática para muita gente. Ver morrer amigos despedaçados por uma mina, ou sentir-se só no meio do mato, de um momento para o outro, durante uma emboscada, com a vida no fio da navalha, são coisas que deixam sulcos fundos e imperecíveis na memória e na alma. Mas também não seria mais agradável, para um jovem de 20 anos , sair do lugre estacionado no meio do mar, meter-se sozinho num frágil dóri e rumar aos bancos de pesca, à força de remos ou vela. Afastar-se do barco principal e desaparecer na bruma do amanhecer, enfrentando mil perigos, cercado de nevoeiro cerrado, de frio e de mau tempo, sem recurso a previsões meteorológicas. À hora de voltar, com o pequeno barco carregado, quantos se perdiam e afundavam. Com a bruma cada vez mais cerrada, ecoavam os chamamentos, os assobios, as imprecações, na imensidão do oceano. Cansados da faina, os pescadores recolhiam ao apetecido lugre, onde outros trabalhos árduos os aguardavam: “a degola, destripação, abertura, limpeza e salga do pescado até altas horas da noite, para só depois se poder saborear o caldo quente do rancho e o merecido descanso na estreita enxerga do beliche” (1).
Na guerra em África, nem só os que desertavam eram considerados traidores. Traidores eram também, para o regime de Salazar, aqueles que se rendiam, na certeza de que continuar a lutar, em certos momentos, significava perecer. Aconteceu isso com os ex-prisioneiros da guerra da Índia. Regressados a Portugal, havia ordens para não lhes dar emprego. A ordem era “Morrer pela Pátria” e o governo de então preparava-se já para celebrar a glória póstuma dos soldados sacrificados, pois preferia heróis mortos a prisioneiros vivos. Muitas feridas de guerra continuam por sarar e a poesia vertida da pena de quem a viveu por dentro pode ser uma forma de catarse, de exorcizar fantasmas.
A poesia da guerra colonial, além de acrescentar mais documentos e massa informativa ao acervo já existente, pode dar-nos ângulos de análise até agora pouco conhecidos: a vida no mato a dois passos da morte, o absurdo, o baptismo-de-fogo em época de chuvas, o correio que tarda em chegar, embrulhado em saudade e palavras de conforto da família, da namorada, ou da “madrinha de guerra”, a fome e a sede, o medo frio dos soldados que partem como guerreiros e esperam regressar como heróis e entretanto acabam dizimados num planalto longínquo, a rezar para que alguém os resgate daquele inferno. Gente decepada pelas minas ou desorientada pelo terreno que não conhece. Homens que a guerra, de um momento para o outro, transformou em heróis ou cobardes, farrapos humanos ou criminosos.
Muita gente, na região da Bairrada, esteve na guerra de África. Alguns dos seus filhos acabaram tragados por ela. Quantos dos que sobreviveram e ainda pertencem ao mundo dos vivos não terão escrito algum relato, uma ou outra poesia, ou um diário de guerra? Assim de repente, afloram-me ao pensamento apenas dois autores bairradinos que expressaram os seus sentimentos sobre a guerra de uma forma poética: Carlos Luzio, de Bustos, falecido prematuramente em 2004, e Armor Pires Mota. Bom seria que os seus poemas de guerra chegassem ao conhecimento dos investigadores do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra que lideram este projecto, pois têm qualidade para estar representados nessa compilação, o que não deixaria de dignificar a Bairrada.
De Carlos Luzio, de quem os amigos publicaram em 2005 uma edição póstuma intitulada Pescador de Sonhos, transcrevo este poema em memória de um camarada caído: (2)
Uma mina fez crescer a minha revolta
ao ver-te morto ali mesmo a meu lado
Um bom amigo, mas outro pobre soldado
que é obrigado a ir e que não volta
O fumo era muito mas deu para ver a tua dor
O ar tinha o aroma ácido do trotil
O teu sangue a borbotar, sem nada poder fazer
E senti ódio, sim, ódio, raiva, rancor,
ao ver a tua mão trémula a acariciar o fusil
De que lado estavas tu, Deus
que deixaste que nos treinassem para morrer?
Carne retalhada de feridas em revolta
E nuvens de poeira.
Caminho (é vermelho o céu, é vermelho o chão)
onde a morte nos rouba, de armas na mão,
sorrateira,
como se fôssemos ladrões ou gentes
sem pátria nem bandeira.
Caminho que conheço, de sangue e raiva nos dentes,
do princípio ao fim
donde irromperão sempre bichos e serpentes...
Sinto medo. E, de arma na mão, fujo de mim.
(1) Boletim da ADERAV, n.º 13, Maio de 1985, p. 9.
(2) Bustos - do passado e do presente, 06.10.2004 (post de Óscar Santos).
segunda-feira, 13 de abril de 2009
sábado, 11 de abril de 2009
Cálice
“Pai, afasta de mim esse cálice”. Esta é a frase bíblica que Jesus Cristo teria pronunciado quando, após o término da Última Ceia, retirou-se para o horto do Getsêmani para orar, já que previa sua Paixão iminente.
«Cálice», de Gilberto Gil em rara parceria com Chico Buarque, composta em 1973, estende a frase: “Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue”. Eram ainda os anos da ditadura no Brasil, e a música foi composta numa Sexta-feira Santa, com muita paixão, revolta e contestação. Nesse clima a ideia dos autores foi contrapor a letra com um texto bíblico, até porque naqueles tempos o mote das autoridades era: «Cale-se!»
in http://inaciomorais.multiply.com/
terça-feira, 7 de abril de 2009
[Euro-dúvidas] Porquê Durão de Barro, perdão, Barroso?
Era uma vez um cidadão - sempre com as suas dúvidas sobre política - diante de uma televisão, a «consumir» notícias atrás de notícias, e a tentar não perder o pé para a alienação e a procurar absorver e interpretar o que vai observando.
Esse mesmo cidadão - português, europeu, global - é informado de que CDS, PSD e, não obstante algumas discordâncias internas (Ana Gomes, Vera Jardim, Vital Moreira e Mário Soares), PS apoiam a reeleição de Durão Barroso à frente dos destinos da Comissão Europeia.
Todas as posições partidárias serão legítimas, se decididas democraticamente, pensa o cidadão. Provavelmente todos os apoios assentam num misto de razões e emoções, admite o natural da coisa. Não lhe parece que o apoio político a quem quer que seja, de facto, aconteça exclusivamente por força da Razão (que, aliás, também tem os seus defeitos).
Por outro lado, o tal cidadão ainda tem a ilusão de que, da presidência de uma instituição cujas decisões afectam todos os europeus, são feitos balanços dos mandatos pelos 27 e, a partir daí, são construídos e divulgados argumentários favoráveis, desfavoráveis ou «de 3ª via» à renovação do seu presente líder e da sua equipa.
É possível que tais argumentários sejam delineados e ampliados nos próximos tempos e espera o cidadão que os media, ao divulgá-los, não revelem apenas os mais básicos pseudo-argumentos e emoções, para este não se sentir enganado, nem partir de pressupostos redutores para formar opinião.
Hoje, ficou a saber, por Paulo Portas (CDS) e por Zita Seabra (PSD), que o apoio de ambos - embora Portas assinale discordâncias fortes de Barroso - se sustenta numa ideia: «é uma honra para Portugal ter um presidente da CE português». Zita Seabra chega a dizer num «frente-a-frente» algo como «antes de europeus, devemos ser portugueses» e não avança muito mais, quando tem mais tempo para argumentar.
Ironicamente, o tal famigerado português apoiado por alguns só por ser um português é o mesmo português que abandonou Portugal, enquanto o «governava»; é o mesmo português que ora esteve na Base das Lajes a sorrir para Bush, Blair e Aznar na «Cimeira da Vergonha» - no arranque da Guerra do Iraque -, ora fez o mesmo ao oponente de Bush, Barack Obama, muito crítico dessa mesma guerra. Ironicamente, este português é o mesmo que propôs que a carga de horário laboral na UE pudesse ir até as 65 horas por semana, uma medida felizmente rejeitada no Parlamento Europeu.
Um cidadão - que tem mais perguntas do que respostas - questiona-se, perante um pseudo-argumento, de cariz nacionalista: porquê tem que ser português? qualquer português serve? porque é que este merece uma segunda oportunidade? não há mais argumentos, além de um patriotismo bacoco e contraditório?
Apoiantes de Durão Barroso à presidência da CE, expliquem - como ele tivesse que votar - ao cidadão confuso que existem outros motivos para a reeleição do Durão Barroso, por favor. Certamente existirão e ele realmente ficou alienado com o desfilar das notícias e perdeu o essencial.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Religião vs Mundo? Religião e o Mundo?
Um excerto:
«Falar com todos, falar para todos, é uma forma de pertencer ao mundo. Mas é sobretudo uma maneira de se sentir empenhado e comprometido perante os outros. Eis uma qualidade que se aprecia em qualquer pessoa, académico ou eletricista, sacerdote ou filósofo, médico ou agricultor. Pensar em si e nos seus é o próprio dos homens, de todos os homens. Pensar nos outros é o próprio dos homens de exceção».
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Foi há 10 Anos
"O tempo avança e com ele avança o sonho do Homem de ser maior, construir, crescer. A Palhaça não é excepção, terra que remonta à época da romanização, cresceu imparável ao longo dos anos. O seu desenvolvimento é fruto do investimento e da dedicação dos que nela vivem. Dos que acreditam que a nossa terra pode ser melhor, ainda maior. Quem escreve que a “Palhaça é terra de progresso” talvez esteja a escrever as palavras certas em linhas direitas, os homens que aqui vivem já demonstraram que “quando um homem sonha, a obra nasce!". Basta olhar os exemplos. O futuro da terra que habitamos é o espelho da vida que vivemos.
O Coreto – Um informativo ao seu dispor numa era de comunicação."
A título de curiosidade a 1ª ficha técnica: