domingo, 25 de janeiro de 2009

Sobre As Políticas Sociais no Município de O. do Bairro (II)

Abaixo segue a resposta de Laura Sofia Pires, vereadora da Acção Social da CM de Oliveira do Bairro, ao repto nº2 e último, lançado neste blog nos primeiros dias de vida:

P: Caso a resposta seja afirmativa, será possível aceder a esses dados, de forma transparente, e saber que planos de acção estão previstos, para 2009, pela Câmara Municipal, pela Junta de Freguesia e pelas Instituições (incluindo a igreja) para combater a pobreza na vila?

R: Quanto à consulta de dados, todos os que a Câmara recolhe e analisa são públicos. Quanto às outras entidades – Segurança Social e Centro de Emprego – há publicação de números e estatísticas oficiais. Deixo-lhe a seguinte indicação:Mais importante do que conhecer os números, é conhecer os nomes por trás dos números. E falo dos nomes de todos quanto são beneficiários de apoios seja de instituições como a Câmara, as IPSS’s, os Grupos Caritas, a Saúde ou outros.Porque demos conta de que há pessoas que ocultam dados importantes referentes a apoios prestados por outras entidades quando nos pedem apoio, estamos a tratar de implementar o chamado Atendimento Social Integrado no concelho.Sucintamente, este atendimento vai criar 1 único processo (informatizado) no concelho para cada indivíduo. Quando eu – Laura Pires – me dirijo ao serviço Câmara e digo que quero apoio para medicamentos, vai ser possível à técnica municipal confirmar que eu não recebo esse apoio de mais nenhuma entidade. Quando eu Laura vou ao Centro de Saúde e peço qualquer tipo de apoio para consultas isso é registado nesta plataforma on-line (de acesso reservado a técnicos), dado que pode ser consultado por qualquer das entidades que trabalham na área social.O problema deste modelo prende-se com cuidados ao nível da protecção de dados pessoais. Uma vez ultrapassada esta questão, estaremos em condições de o implementar e – assim creio – ajudar melhor cada indivíduo que realmente necessita, possuindo dados sempre actuais e fidedignos, evitando fraudes ou erros.

4 comentários:

Palhaça Cívica disse...

E que grande questão essa da segurança dos dados pessoais.

Por vezes gostaria de ter nascido e ser reconhecido perante os outros através de um som ou uma outra característica qualquer. Em vez disso, tenho várias sequências alfa-numéricas tatuadas e um dia terei um pico-chip também (numa ficção bem próxima de ti).

E chegamos aos criptosistemas.
Sempre que se fala num mecanismo de protecção de dados falamos em criptologia. Curiosidade (minha): a primeira máquina criptográfica foi usada pelos Espartanos (400 A.C.). Fins militares.

Hoje, a criptologia clássica está a chegar ao limite. A cada 18 meses os microprocessadores duplicam a sua velocidade, e o que hoje se guarda a 7 chaves, amanhã é editado (por quem?).

O próximo passo? A criptografia quântica. "Information is stored, transmitted and processed by physical means. Thus, the concept of information and computation can be formulated in the context of physical theory [...]".
in The Physics of Quantum Information, Springer (2000)

Sociedade a quanto obrigas.
N.

P.S. Posso escolher o administrador de serviço? Tem que ser alguém de confiança relativa.

TPC disse...

Bom dia, Nuno.

A tua resposta – muito interessante, mesmo para um leigo em criptologia - remete-me para uma série de questões, que põem em relação – ou em conflito, por vezes - protecção de dados, privacidade, segurança, políticas estatais e liberdades individuais.

Não tendo ainda uma opinião formada sobre o assunto – porque gosto de o fazer, depois de cruzar várias fontes e de confrontar as ideias com as práticas –, penso que urge discutir, pelo menos, até que ponto as novas tecnologias usadas ou a usar pelo Estado e pelas autarquias, de forma cifrada e invisível aos olhos do cidadão comum – como a videovigilância, os chips nos carros ou os cartões de cidadão – influem na segurança ou na insegurança do cidadão. Quais os prós e contras desta espécie de «big brother» da era digital?

Vou ousar lançar um repto: porque não fazer uma espécie de debate/exposição pública sobre o assunto, com especialistas de áreas que tocam neste assunto sensível (recursos humanos experts nestas matérias, no concelho de Oliveira do Bairro, não devem faltar), numa altura em que na agenda do cidadão português se coloca uma novidade: o cartão do cidadão?

Alguém interessado em colaborar, em contribuir para o questionamento e para eventuais esclarecimentos dos cidadãos menos familiarizados com o assunto?

Eu ficaria na assistência, com muito gosto, mas poderia ajudar a arranjar contactos e a pedir a alguma entidade um espaço para acolher o eventual evento.

É apenas uma sugestão... ;)


Tiago

Nuno L. Ferreira disse...

Tiago.
É uma boa sugestão, claro que sim.
Também gostaria de assistir ao debate. O cartão do cidadão é uma boa ideia (quanto a mim), mas obviamente levanta muitas questões.

Provavelmente terei que ter conhecimento dele através deste blog ou outro meio de informação. São as únicas formas que eu tenho de ler e ouvir a minha língua, acerca da minha terra. A nossa Palhaça está fisicamente um pouco distante de mim.

Sabe bem parar um bocadinho que seja ao fim de semana, e vir a este café. Tenho um cheirinho de algumas coisas que me fazem falta.

Tot Ziens,
N.

Anónimo disse...

Aprendi muito