quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Sobre A Faixa de Gaza

Ao Paulo Rocha e à Marlene Carvalho

Quando em 2005, o maestro e pianista Daniel Barenboim tocou em Ramala com a sua orquestra de jovens músicos árabes e judeus ele não tinha ilusões: «A música não traz a paz a este território; mas, quando se ouve música, estamos atentos ao outro, ao que ele diz, à sua diferença, e isso, sim, é o princípio da paz. O conhecimento do outro é o princípio da paz.» Obviamente, que depois do conhecimento, haverá um longo caminho a percorrer, mas antes do contacto e do conhecimento só haverá medo e ódio entre as partes – porque são tomadas entre si como partes inimigas, abstractas, precisamente, e não como indivíduos humanos, com um rosto, família e uma história. A propósito vale a pena ler este artigo (http://www.pamolson.org/ArtIsrRamallah.htm), sobretudo o capítulo Violins and Kalashnikovs.

Paulo Carvalho

1 comentário:

Anónimo disse...

Mais do que nos ofereceres uma utópica e aparentemente simples chave para a saída de um Conflito que se arrasta há décadas com parco recurso ao diálogo, sintetizaste bem a complexa relação do ser humano com a diferença, com o outro, com a individualidade, em várias vertentes.

Cedendo a abstracções e generalizações tentadoras e práticas, é fácil afastarmo-nos do essencial - de que cada ser é único, independentemente de integrar - naturalmente ou por construção - determinados grupos.

Ainda hoje, a propósito desta questão, tento compreender o conselho do patriarca de Lisboa (supostamente empenhado no diálogo inter-religioso) às católicas portuguesas a propósito do casamento com homens muçulmanos.

Numa coisa ele acertou: sabemos pouco uns sobre os outros. Talvez tivesse sido útil, para colmatar esta falha, termos tido mais aulas de História das Religiões do que exclusivamente aulas de Educação Moral e Religiosa (cadeira unidireccional).


Na prática, mesmo que o senhor tivesse toda a razão do mundo (a generalização é equívoca e danosa - na Europa não se segue a «Sharia»), terão as suas palavras contribuído realmente para a paz?


http://dn.sapo.pt/2009/01/15/sociedade/muculmanos_chocados_patriarca.html

TC