do som da flauta do amolador que, muito raramente, passava ali no Areeiro,
do aviso sonoro da ronda pela aldeia da carrinha da Family Frost, ao domingo,
das piadas sobre o nome dos habitantes da Palhaça, chegado a Coimbra,
de bater à porta da vizinha, com o T., no regresso da escola primária, para fugir em seguida,
do escondido salão de jogos do Caribe e do Escondidinho,
da aldeia da Palhaça,
do prazer que tinha em circular, descalço, pelos regos (onde corria água), ladeados de um labirinto de milho alto, ou de fazer carreiros, também descalço, sobre o milho, a secar na eira,
(vagamente) de um concerto da Cândida Branca Flor na Palhaça,
da desilusão, aos 6 anos, do «aborto» precoce e inusitado do grupo infantil do Rancho,
dos mistérios da Casa das Silvas e de um enigma «twin-peakeano» chamado Estrada Larga,
da vigília nocturna pré-pascal e das maratonas pascais,
do medo que tinha do comandante de trânsito «Tatá», mais conhecido por D. Manuel I (dizia ele que era rei),
do calvário ou das evasões que eram as longas e desidratantes procissões, acompanhadas, pelo menos, de boa música de Filarmónica,
da obsessão teen pelos Nirvana (não posso deixar de a associar à Palhaça, a minha Aberdeen, na altura),
das andas que o mecânico vizinho José fez para eu, pequeno, andar mais alto,
do odor a mijo das latrinas da escola primária,
do canto das Janeiras no gélido Dezembro,
das reuniões anárquicas dos Escuteiros e das aventuras radicais e de (des)orientação nos acampamentos,
do susto que apanhei, criança, ao encontrar uma tombada e ébria Sofia, no bréu,
do inofensivo e simpático Zé Pequeno,
das bombas de Carnaval estoiradas nas aulas de catequese,
do meu colega de casa Pompeu,
de não poder votar nas «minhas» primeiras eleições, aos 18 anos, por não constar da lista de eleitores,
do prazer de ouvir bradar connosco a senhora da casa pré-fabricada por detrás do recreio da escola, por roubarmos umas nésperas,
da apanha das batatas, por categorias (podres, ratadas, miúdas e graúdas), e das vindimas,
de cantar «A Gaivota» nas celebrações escolares do 25 de Abril,
da ansiedade na espera do autocarro da AVIC, para ir a Aveiro,
de não ser tão nostálgico como neste preciso instante...
(nascido em 1983)
2 comentários:
dos baloiços da creche e da canja da Marcelina...
das sestas obrigatórias, das camas trípticas e das mantas aos quadrados...
de ver os bonecos animados enquanto esperava pelos meus pais ao final da tarde no salão grande...
da Fátima e da Henriqueta, das pegas em croché, dos cestos de rafia, da cola branca e da casa de brincar...
do ramo onde baloiçava, naquela árvore junto à Igreja...
de ouvir um sermão do Padre Manuel por me pendurar no dito ramo...
de ir ao Leitão com os meus pais, de coleccionar as caricas do chão, de escrever e pintar...
do piano no andar de cima, dos Ministars na sala de trás, da registadora antiga e do sotão...
do António Sala a cantar o Aleluia no Largo S. Pedro...
da Festa de Agosto, do Bingo e da Quermesse, dos jogos tradicionais, dos Roconorte...
do cheiro dos verdes espalhados pelo chão à espera da procissão, da banda do Troviscal...
dos livros pretos, azuis e castanhos do coro, do piano da Igreja...
do Pajov e da catequese...
da Viappia e das Belas Artes...
de correr por entre os feirantes no Largo das Escolas no final das aulas, do 2 cavalos da Dona Ana...
de jogar Andebol na Adrep e de ir matar a sede à fonte do Bebe-e-vai-te...
das marchas e das discussões na escola, dos ensaios das marchas com o Sr. Julião, da preparação dos arcos e das roupas...
das aulas de solfejo ao sábado de manhã com o Dr. Fernando, do professor Fardilha, das festas de Natal, de tocar flauta na visita do Cavaco Silva...
dos ensaios do rancho ao sábado à noite, das actuações, dos amigos, da excitação de dançar o mais rápido possível, da K7 a tocar na sala...
da bicicleta preta da minha avó, dos cabanais, do tetris do Nuno, da carreta...
do cheiro dos correios velhos...
do início da sessão da RTP2 às 3 da tarde, do Agora Escolha, da Ana dos Cabelos Ruivos, do Justiceiro e do Macgyver, do 1,2,3...
dos bailes ao sábado à noite, do barulho e da animação, de chorar por não poder ir...
do Festival da Canção, da Cândida Branca Flor e do Carlos Paião, das músicas da Susana e da Vitória...
do frango de churrasco religioso ao almoço de domingo...
Reconhecendo-me na maioria das vossas lembranças, ainda me lembro………
Da ida do grupo de cantares a França e eu a ficar para trás….
Do cheiro a café em casa do Padre Manuel Oliveira em S. Romão
Das suas duas maçãs e copo de água antes da missa da manhã
Dos sermões (e não só) do meu Pai, por fugir sistematicamente durante as bodas dos casamentos
De ir para o Colégio à Boleia.
Das idas à Sexta-Feira à noite às bruxas
Dos copos à volta da forja do Samagaio
Do Andebol e do Saudoso Osvaldo Guedes
De ir tocar o Sino com o Ti Silvério e mais tarde com o 115 (Zé)
Do meu avô Latoeiro….
Da minha Avó das Histórias
Do Atletismo que nuca fui primeiro
Da Banda LipStick que morreu à nascença
De andar com o João a fugir do dito Tatá (Não tenho a certeza do seu nome)
Do café Leitão a ver a F1 a beber Fosters
De querer andar sempre com os mais velhos
Das minhas irmãs quererem ir ao Baile e eu servir de recurso
Do Voley no Adro
Das Marchas e da fruta
Dos bailes depois do Cortejo de Reis
Da passagem de ano da Adrep por cima da actual peixaria,
Dos vidros de carro que se partiram no adro da Igreja
Do Padre Blinquete ralhar comigo por estar a jogar a bola contra mesma
Da Loja/Taberna do Sr. Braga Junto às bombas na Palhaça
Da Loja do Ti Carvalho no Areeiro
Das “falocas” de Carnaval do kiosk
Das Sessões de pancadaria nos finais de cada Baile de Sábado
Do Raio que caiu em cima do Acampamento de escuteiros, para as Bandas de Paranho de Arca (Eu não estava lá).
Do Carlos Paião me adormecer em minha casa.
Das idas para o apartamento do “Rola” na Vagueira numa Toyota Dyna de cabine com nove amigos lá dentro onde só deveriam ir três
Da construção do Campo dos Escuteiros
Da aposta que fiz com a Rosa Maria em vir da Vagueira a pé em idade de primária….sendo apanhado depois junto ao Parque da Orbitur
Do primeiro Hambúrguer saboreado no Sagitário, com o Nelson, Miguel e o Mário.
Da minha primeira Bicicleta com um selim enorme.
De ter sido obrigado a negar o direito de voto a um eleitor por não constar dos cadernos eleitorais (As eleições estão aí, consultem previamente os Cadernos eleitorais na JF)
Das praxes que fizemos aos amigos que entravam no Ensino Superior.
Das festas particulares que haviam em casa de cada um
Da Festa do Rock…..
Dos torneios de Futebol no Campo onde actualmente é a feira e Futura escola
Das provas de perícia com os minis…O Capão sempre muito habilidoso
De ir com a sineta na Páscoa e desistir a meio, por ver toda gente a divertir-se e eu a apanhar seca (14/15 anos)
Da ATL que inaugurei com o Pedro Carvalho
Este texto não tem qualquer ordem cronológica. Foi escrito ao sabor das lembranças
Sérgio Pelicano
Enviar um comentário