segunda-feira, 9 de março de 2009

A Ética da Compreensão (segundo Edgar Morin)

(bandeira do esperanto)

A ética da compreensão é a arte de viver que nos demanda, em primeiro lugar, compreender de modo desinteressado.

Demanda grande esforço, pois não pode esperar nenhuma reciprocidade: aquele que é ameaçado de morte por um fanático compreende por que o fanático quer matá-lo, sabendo que este jamais o compreenderá.

Compreender o fanático que é incapaz de nos compreender é compreender as raízes, as formas e as manifestações do fanatismo humano.

É compreender porque e como se odeia ou se despreza.

A ética da compreensão pede que se compreenda a incompreensão.

A ética da compreensão pede que se argumente, que se refute em vez de excomungar e anatematizar.

Encerrar na noção de traidor o que decorre da inteligibilidade mais ampla impede que se reconheça o erro, os desvios, as ideologias, as derivas.

A compreensão não desculpa nem acusa: pede que se evite a condenação peremptória, irremediável, como se nós mesmos nunca tivéssemos conhecido a fraqueza nem cometido erros.

Se soubermos compreender antes de condenar, estaremos no caminho da humanização das relações humanas.(.....)


MORIN, Edgar, 1921 -- Os sete saberes necessários à educação do futuro / Edgar Morin; tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgar de Assis Carvalho. -- 5.ed. -- São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2002.

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